Entenda como ficam os distratos contratuais neste
momento
Nos últimos anos, inúmeros consumidores, após assinarem
contratos de aquisição de imóveis “na planta” para pagamento parcelado, caíram
em inadimplência ou optaram por rescindir o contrato pactuado de forma
unilateral. Há vários motivos que levam o consumidor a esse estado, como
desemprego, custeio de doenças, descontrole financeiro, mudança de cidade,
desinteresse posterior pelo bem, ou a própria crise trazida pela Covid-19.
E ainda, em muitas situações o valor contratado no momento
da venda do imóvel na “planta” se tornava muito maior do que o valor de mercado
do imóvel no momento da entrega das chaves.
Nesses termos, pode-se dizer que, desde 2001 até a aprovação
da Lei 13.786/2018, qualquer pessoa que se dirigisse ao estande de vendas e
assinasse um contrato de promessa de compra e venda de unidade alienada sob o
regime da incorporação imobiliária não poderia pura e simplesmente se
arrepender do contrato, pleiteando a extinção da relação contratual, e assim
começava as auguras dos consumidores tinham que fazer diversas manobras
jurídicas para tentar uma rescisão do contrato de forma unilateral, quase
sempre tendo que tornar-se inadimplente e, arcar com vultosos juros e mutas,
para poder rescindir o contrato.
“A partir da Lei 13.786/2018, o adquirente dispõe de uma
hipótese legal para extinguir unilateralmente o contrato, sem o pagamento de
qualquer multa. Nesses termos, a Lei cria um direito potestativo (direito de
arrependimento) em que o adquirente pode, sem qualquer motivação, arrepender-se
da aquisição realizada, desde que o faça a partir de carta registrada, no prazo
máximo de 7 dias. Nessa oportunidade, exercido o direito de arrependimento, o
adquirente poderá receber de volta a totalidade dos valores pagos, inclusive a
comissão de corretagem paga” explica Sabrina Rui advogada em direito imobiliário
e tributário.
O direito de arrependimento, segundo a nova lei, cabe apenas
para “os contratos firmados em estande de vendas e fora da sede do incorporador
ou do estabelecimento comercial” (art. 35-A, inciso VIII e art. 67-A, § 10º, da
Lei 13.786/2018).
Contudo, além do direito de arrependimento o consumidor
também poderá rescindir o contrato de forma unilateral, mas nesse caso terá que
arcar com os custos previstos no art. 67-A da Lei 13.786/18, mas é salutar
saber que, em sobrevindo qualquer problema pessoal (doença, desemprego,
bloqueio judicial de sua conta bancária etc.), este pode desvencilhar-se
honrosamente do contrato ainda pendente de pagamento, resilindo-o
unilateralmente por meio de mera notificação extrajudicial (sem a necessidade
de ter que ajuizar um processo judicial) e sujeitando às punições contratuais
devidas.
Fonte: Jornal Jurid