Três dos cinco integrantes da primeira diretoria da
Autoridade Nacional de Proteção de Dados são militares. Nomes ainda serão
analisados pelo plenário
A Comissão de Serviços e Infraestrutura do Senado aprovou
nesta segunda-feira (19) os nomes dos cinco indicados pelo presidente Jair Bolsonaro para
compor a primeira diretoria da Autoridade
Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Três deles são militares. As
indicações agora serão analisadas no plenário.
O órgão será responsável por fiscalizar e editar normas
previstas na Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD), que passou a vigorar em setembro.
A nova legislação define uma série de regras para quem
coleta e utiliza dados pessoais – aqueles que podem identificar alguém, como
nome, CPF e número de telefone, entre outros.
A ANPD é parte essencial da nova lei, já que deverá definir
com clareza as regras e direitos para instituições e definir parâmetros de sua
interpretação.
Todos os cinco relatores designados para avaliar as
indicações proferiram pareceres favoráveis à aprovação dos nomes. Os indicados
foram sabatinados em bloco e responderam, em sua maioria, a perguntas dos
internautas.
O único senador a questionar os candidatos foi o presidente
da comissão, Marcos Rogério (DEM-RO). Paulo Rocha (PT-PA) e Carlos Viana
(PSD-MG) fizeram breves intervenções, mas não perguntaram nada aos postulantes.
Houve pouca discussão entre os presentes durante a sabatina.
O mandato do diretor-presidente será de seis anos. Os outros
quatro diretores terão mandatos de cinco, quatro, três e dois anos. Ao fim
desta primeira composição do Conselho Diretor, os mandatos dos cinco cargos
terão duração fixa de quatro anos.
Indicados
O coronel Waldemar Gonçalves Ortunho Junior, atual
presidente da Telebras, foi o indicado para diretor-presidente do Conselho
Diretor da ANPD. O mandato dele será de 6 anos.
Durante a audiência, ele disse que a agência deve autorizar
o uso de dados pessoais dos brasileiros, mas com responsabilidade. Ortunho
Junior destacou ainda a importância de se construir uma regulação focada nas
áreas que criam os maiores riscos para os indivíduos em relação à segurança cibernética.
“A LGPD requer que a ANPD dê orientação sobre vários
assuntos como: compartilhamentos de dados, portabilidade de dados, regras para
dados sensíveis, boas práticas etc. Os atores precisam de diretrizes escritas
sobre como interpretar a lei. Também é importante orientar o mercado sobre os
aspectos técnicos”, afirmou.
“Ao elaborar a lei o legislador compreendeu algo
fundamental. Por trás dos dados estão as pessoas Esse foi um grande avanço para
o país”, destacou o Ortunho Junior.
Completam as indicações para a ANPD aprovadas nesta segunda
pela comissão:
Coronel Arthur Pereira Sabbat, atual diretor do Departamento
de Segurança da Informação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional),
indicado para diretor por 5 anos;
Joacil Basilio Rael, atual assessor da Telebras e engenheiro
da computação formado pelo Instituto Militar de Engenharia, indicado para
diretor por 4 anos.
Nairane Farias Rabelo, advogada, indicada para diretora por
3 anos;
Miriam Wimmer, servidora pública de carreira da Anatel desde
2007 e diretora de Serviços de Telecomunicações do Ministério das Comunicações,
indicada para diretora por 2 anos.
As principais competências da ANPD são:
zelar pela proteção de dados pessoais criando diretrizes e
normas para as empresas;
fiscalizar e aplicar sanções em caso de descumprimento da
LGPD (somente a partir de agosto de 2021, conforme aprovado pelo Congresso);
tratar de casos de segredos comercial e industrial;
elaborar diretrizes para a Política Nacional de Proteção de
Dados Pessoais e da Privacidade;
elaborar estudos sobre as práticas nacionais e
internacionais de proteção de dados pessoais e privacidade;
estimular adoção de padrões que facilitem o controle dos
titulares sobre seus dados pessoais.
ANAC
A Comissão de Serviços e Infraestrutura também aprovou os
nomes de cinco indicados à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), incluindo o do
escolhido para a presidência da agência, Juliano Alcântara Noman. Se aprovado
no plenário, ele substituirá José Ricardo Pataro Botelho de Queiroz na função.
Noman afirmou durante a audiência que quer “criar um
ambiente de cooperação” focado no compliance de segurança, “que é o que mais
importa”, na opinião do diretor.
“Fazendo isso e tendo os regulados ao nosso lado eventuais
desvio nos seremos mais capaz e teremos mais condições de agir com toda dureza
e firmeza que são necessários”, disse Noman.
Noman é servidor efetivo da ANAC, na carreira de
Especialista em Regulação de Aviação Civil, desde 2008. Ele tem graduação em
Ciências Econômicas e curso de extensão em gestão de infraestrutura
aeroportuária pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Os demais indicados à ANAC são:
José Luiz Povill de Souza - indicado para o cargo de
ouvidor;
Ricardo Bisinotto Catanant - indicado para o cargo de
diretor;
Rogério Benevides Carvalho - indicado para o cargo de
diretor;
Tiago Souza Pereira - indicado para o cargo de diretor.
A sabatina dos indicados à Anac contou com maior
participação dos senadores. Marcos Rogério (DEM-RO), Izalci Lucas (PSDB-DF),
Carlos Viana (PSD-MG) e Esperidião Amin (PP-SC) fizeram considerações e
questionaram os postulantes. Os nomes agora serão analisados no plenário da
Casa.
Agências reguladoras
A Comissão de Serviços e Infraestrutura aprovou ainda
indicados para outras quatro agências reguladoras. Os nomes ainda terão de ser
analisados no plenário:
Symone Christine de Santana Araújo - indicada para
diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP);
Rodolfo Henrique Saboia- indicado para diretor-geral da ANP;
Eduardo Nery Machado Filho - indicado para
diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq);
Carlos Manuel Baigorri - indicado para membro do
Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel);
Helvio Neves Guerra - indicado para diretor da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Machado Filho, da Antaq, destacou a importância de se
ampliar a exploração do transporte hidroviário no país, o que permitiria a
integração no transporte de cargas e a redução dos custos logísticos.
“A Antaq ainda deve ter um olhar atento no transporte de
passageiro nas linhas interestaduais a fim de preservar segurança e
pontualidade entre outros aspectos”, afirmou o indicado à diretoria-geral da
agência.
Rodolfo Henrique Saboia, da ANP, ressaltou a crescente
importância dos biocombustíveis na matriz energética brasileira.
"A questão ambiental vem transformando os combustíveis
fósseis em um vilão global. Nesse sentido, o RenovaBio que busca alcançar os
compromissos fechado pelo Brasil no Acordo de Paris promoveu a expansão dos
biocombustíveis na matriz brasileira”, afirmou.
Fonte: G1