Palestrante Danilo Doneda falou dos desafios da
implantação da lei
Um encontro virtual realizado na
manhã desta terça-feira (11/8) foi a oportunidade para os integrantes da
Comissão sobre a Lei de Proteção de Dados (LGPD) do TJRS conhecerem mais sobre
a Lei Federal nº 13.709/2018 e os desafios para a implantação no judiciário.
A comissão iniciou os trabalhos
no último dia 3/8 e a palestra de hoje é a primeira de uma série de três
encontros com especialistas no tema que vão colaborar para a elaboração de
regramentos a respeito do tratamento de dados pessoais no TJRS.
O convidado foi Danilo Doneda, Doutor
em Direito pela Universidade do Estado do RJ. É membro indicado pela Câmara dos
Deputados para o Conselho Nacional de Proteção de Dados e Privacidade, membro
da Comissão de Juristas formada pela Câmara dos Deputados para redigir projeto
de lei sobre proteção de dados nos setores de segurança pública e investigação
criminal e membro do Grupo de Trabalho sobre proteção de dados e informações
judiciais do Conselho Nacional de Justiça, entre outros.
Segundo ele, a informação pessoal
é cada vez mais relevante. Nos relacionamos com as empresas e instituições
públicas através dos nossos dados pessoais. Ele informou que o Brasil é um dos
campeões mundiais em fraudes bancárias pois o acesso a esse tipo de informação
é muito facilitado. Destacou que atualmente mais de 140 países já possuem uma
legislação específica sobre o tema e que o assunto não é novo. A primeira lei
surgiu na década de 1970, na Alemanha.
Para Danilo, a LGPD pretende que
os cidadãos tenham um mínimo de direitos na área. Também afirmou que o tema é
regido por três princípios básicos que devem ser observados: finalidade, livre
acesso e transparência. Ressaltou ainda que o judiciário é uma das fontes
públicas mais minuciosas de dados pessoais existentes.
O Presidente da Comissão e 3
Vice-Presidente do TJRS, Desembargador Ney Wiedemann Neto, afirmou que o tema
necessita de muito estudo e reflexão sobre estratégias e consequências.
Relembrou a demanda gerada por ações envolvendo os bancos de dados de cadastros
de devedores como o SPC e Serasa, num total de mais de 160 mil processos.
Destacou que um dos desafios será a possibilidade do aumento da judicialização
com a entrada em vigor da lei. O Tribunal de Justiça do RS deverá elaborar uma
estratégia para tratar dessa questão de forma coletiva.
A Juíza-Assessora da Presidência
e integrante da comissão, Maria Cláudia Mércio Cachapuz, que também é
especialista no tema, destacou pontos como o acesso por parte da imprensa aos
dados pessoais.
Outro ponto questionado pelo
Desembargador Ney foi a utilização de inteligência artificial para análise
preditiva do magistrado, ou seja, qual é a tendência de julgamento do juiz.
Segundo ele, já existem empresas que fazem essa análise de dados para
orientação na forma de resolver um conflito. Segundo o especialista Danilo, em
2019, a França considerou a prática como crime.
Presenças
O Desembargador Antonio Vinicius
Amaro da Silveira, Presidente do Conselho de Comunicação Social do TJRS, a
Juíza-Assessora da Presidência, Elaine Garcia Nogueira, a Coordenadora
Executiva da ASSEST, servidora Valéria Gambogi Rodrigues e a
servidora Patrícia Elisabete Fruhling Umann participaram da reunião como
convidados.
Como integrantes da comissão
participaram o Juiz-Corregedor André Luís de Aguiar Tesheiner e a servidora
Sheron Garcia Vivian, representando a Corregedoria-Geral da Justiça; a
servidora Denise Salvadori Virti representando a Secretaria de Controle
Interno; a servidora Maria Luiza Kurban Jobim, representando a Ouvidoria; o
servidor Gilnei Muller, representando a Direção de Gestão de Pessoas (DIGEP). A
comissão é secretariada pela servidora Ana Paula Limberger de Moraes.
Fonte: Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul